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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Caminhos


Quero cantar hoje, num karaokê, alguma música bem brega da minha infância.
Quero escrever aquelas histórias fantásticas que muitas vezes penso
Quero dançar o ritmo da terra sem medo de ser ridícula
Quero andar descalça e correr no asfalto brincando de esconde-esconde

Quero dormir e descansar, não apenas deitar e passar a noite pensando
Quero fazer algo que meu cérebro desligasse e me fizesse feliz por esse momento
Quero dar as mãos com meu filho, com um amigo, apenas pra saber que existem pessoas ali 
que não pensam em machucar, que sentem apenas amor

Um dia de ficção, um momento fora do mundo
Algo que colocasse um véu branco sobre a ferida aberta
Que não me deixasse ver o que vejo agora

Mas mais que isso,
Quero afastar essa dor, que me toma como o mar
que não permite que eu me levante, que não me deixa ser eu.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Palavras para o Silêncio


Parada, ela observava-o ir embora.
E conforme a distância crescia ela podia revelar as lágrimas contidas em um sorriso de adeus, ele não voltaria mais. O abismo que se formava aos seus pés era impossível de ser contemplado, apenas o silêncio da música restava em sua mente.

Seus lábios ainda estavam amortecidos quando a primeira lágrima os tocou, sensações, era tudo que tinha ficado para ela. Cansaço, a umidez entre suas pernas e o desconforto de sua primeira vez.
Ela queria aproveitar a sensação de ainda não ter dormido, quando finalmente entenderia que sua pureza tinha sido dada como um presente barato, um suvenir.

E pensava se as coisas apenas se tornavam reais no dia seguinte.

Queria aproveitar que a madrugada ainda não tinha rasgado a noite como um coito e aproveitar antes do momento de confrontar todo o resto, a solidão.
Queria beijá-lo mais uma vez, sentir de novo o momento de paixão, algo que ela nunca esqueceria.
O seu primeiro momento, aquele que nunca mais voltaria e que ela gostaria que fosse só um pouco mais longo.

Ainda com seu vestido branco sujo da noite, ela caminhou pela hora mais fria da madrugada, indo em direção ao sol, queria saber que ele nasceria e que um dia novo chegaria. Afastar aquela sensação que o tempo tinha parado. No dia em que ela tinha dado o seu carinho, afeto, amor e tudo tinha sido descartado.

Mas agora não fazia mais diferença, ele nunca mais voltaria, ela nunca seria quem era; e sabia que isso iria acontecer, sabia o que estava fazendo, sabia o que ele queria dela. Ela quis, fez questão.

E assim como o sol que nascia, ela também nascia. Uma outra pessoa estava ali parada olhando outro dia chegar, sem expectativas, sem esperanças, apenas vendo o calor nascer. Não havia trilha sonora, não haveria mais amor.

E a coisa que mais sentiria falta era a música do Silêncio.


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Taverna dos Personagens


Era noite na taverna dos personagens. O local era secreto e fechado, pouco tinha saída de ar, afinal, eles precisavam de um lugar onde pudessem ter privacidade. A morena entrou no bar já suspirando de cansaço.
Ela viu seu amigo no balcão e se aproximou.
-       Você viu?
-       O quê? – perguntou o rapaz loiro de boca grande.
-       O que ela falou enquanto assistia o episódio?
-       Não vi, eu não estava nesse lembra?
-       Verdade, desculpa. Mas enfim... estou cansada.
Ela não era a única, a vida de personagens era muito difícil. Eles existiam por um período de tempo curto e depois acabavam. Alguns ainda ficavam durante muitos anos na ativa. Os monstros principalmente. As mocinhas nunca tinham essa sorte, as vilãs sempre ficaram muito mais na cabeça das pessoas que elas.
Todos queriam ser lembrados, menos a morena. Ela estava bem cansada de ter sua “vida” vista por todos. Ela sentia-se prostituída.
-       Você sabe que essa é a vida de um personagem, não? – o loiro sempre dizia para ela.
-       Sim, eu sei. Mas sabe, talvez ser um personagem seja uma porcaria.
-       É o que você é, gata. Não tem como fugir.
-       E se eu conseguisse um jeito de ter uma vida própria?
Ele tremeu com o copo na mão. Seria uma loucura se alguém ouvisse aquilo.
-       Tá doida? Vai falar isso em voz alta!
-       Ah, aqui é proibido para autores né? Então! E mesmo assim, eles que se ferrem, afinal se eles me escutarem, talvez cancelem minha história. E quem sabe o que rola depois do cancelamento?
-       Olha, ninguém nunca mais voltou pra contar.
-       Então! Quem sabe existe vida depois dessa exposição toda! Quem sabe existe alguma justiça divina!
Ele então pousou o copo no balcão e começou a rir! Gargalhar para dizer a verdade.
-       Justiça divina? Você só quer trocar um autor pelo outro.
-       Verdade... eu só queria pode seguir as coisas do meu jeito e não o que escrevem pra mim. Cada diálogo babaca!
-       Bom, mas isso só vamos saber se você for realmente cancelada...
-       Tenho que ir. Obrigada pelo papo.
-       De nada e se cuida.
Ela saiu de novo, afinal tinha uma cena de romance escrita logo em seguida.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Sobre o nada


Ela acordou e não havia nada lá. 
Mentira.
Ela acordou e viu apenas uma imensidão branca e ela mesma. Um papel pronto para ser usado. Ela achou que ainda estava dormindo, a pobre garota. Achou que era apenas uma brincadeira de seus olhos cansados.
Mas não era.
Tentou ver além, enxergar algo escondido, mas era isso, um vazio ao seu redor. E pela primeira vez em sua vida, ela estava completamente sozinha. Como não havia chão, nem cama, nem nada, ela não sabia se estava de pé, ou deitada, se poderia caminhar, e se caminhasse para onde iria?
Um súbito desespero lhe apertou o peito, achou que deveria chorar e gritar. Mas ao mesmo tempo viu a inutilidade de tal ato, afinal, mesmo um recém-nascido sabe muito bem que o choro é para os outros. O choro serve para dizer ao outro que estamos precisando de algo, para que nos acudam. E, bom... não havia ninguém.
Numa última tentativa boba de se consolar, ela pensou estar cega. Mas como pode estar cega e ver seus defeitos tão claramente, suas marcas, roupas, passado.
E com uma coragem acima do que ela mesma conhecia, admitiu a situação, não havia nada lá.
Quedou-se parada por um bom tempo, até que pensou em uma música.
Ela sorriu ao se lembrar de uma música boba, que um dia ouvira na infância. E cantarolou.
Do seu cantar surgiram as notas musicais na sua existência, no seu papel em branco. Ela corou, a primeira música que "escrevia" era boba e sem sentido. Porém não estava mais sozinha. Viu que as notas musicais criaram um caminho.
Ela então começou a correr feliz pela linha preta entrecortada pelas pausas, contratempos e notas. Cantava alto agora e corria.
Chegou ao final da música e sentiu como se ali tivesse um precipício, cair de novo para o infinito vazio, até que pensou ter asas. Já que ela poderia criar, porque não criar um mundo onde ela poderia ter grandes asas brancas?
Jogou-se do final da música, fechou os olhos e planou com suas asas, e ali ela criou o vento. Não precisava de um espaço, apenas das asas que ela mesmo tinha feito.
Ela então fazia seus caminhos de música e sempre alçava grandes vôos com suas asas imensas.
Com o passar de uma música e outra ela criou o tempo, um tempo próprio que apenas começava quando uma nova música lhe tomava o mundo. Um tempo que parava quando seu coração parava de bater compassado. Onde um sorriso durava meia música ou duas músicas inteiras.
E para quem acha que ela terminou por aí, nunca. Agora que sabia que podia, ela começou a criar as cores, misturá-las, fazer músicas e voar. 
E não parou mais de criar.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Patre Primordium #1

Bom, em breve estamos relançando o site da Patre, um site novo, onde queremos publicar as revistas que o pessoal ainda não leu.
Para comemorar vamos refazer algumas cenas das primeiras edições.
Mas enquanto isso não sai, e como recordar é viver, todo mundo aí já leu a número um?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A briga


Eles estavam ali parados há pelo menos 40 minutos.

Ele com a sua habitual camiseta preta do Metallica olhava para ela e só conseguia pensar em como pôde gostar de uma menina como aquela. Afinal, ela usava sombra e rímel na escola. Que absurdo! Estava cansado de ficar ali parado.

- Mas olha só, o Sex Pistols...

- Pode parar!

- O quê?

- Eu sei bem onde essa sua argumentação vai levar.

- Viu! Eu nem posso falar nada que você já me corta!

- Eu já sei o que você vai falar...

Ela fez aquela expressão de quem ia começar um longo monólogo.

- "E lá vamos nós"...

- Arght, odeio quando você faz isso!

- Isso o quê?!

- Cita pica-pau quando brigamos!

Ele abaixou a cabeça e deu um sorrisinho irônico.

- Viu! Sempre que você faz isso é porque não está me levando a sério!

Ela estava furiosa, sabia que não deveria ter se apaixonado por ele. Oras, um garoto que usa só preto e vive de cabelo preso. Com o cabelo daquele tamanho, pelo menos ele deveria passar um creme para pentear.

- Tá bom, fala. Pode completar o que você ia dizer.

- Obrigado! Então, mesmo que certas bandas sejam pobres musicalmente, elas pelo menos tem uma relevância histórica, entende? O Sex Pistols era a representação de toda uma juventude londrina que era massacrada, apesar de ser punk e tal.

- E quem é que diz qual banda tem relevância histórica?

- Ah, cara... isso fica explícito.

- Certo, então para ter relevância histórica precisa ser amplamente comentado?

- Mais ou menos. É quando esses caras falam a voz do seu tempo. Quando as pessoas reconhecem.

- Hmmmm, entendo. E essas pessoas ficam famosas nas sua épocas.

- Claro, isso mesmo!

- Certo, então quem emplaca muitos singles na Billboard são vozes do nosso tempo, certo? Afinal é amplamente comentado.

Ele achou que tinha caído em uma armadilha bem ali.

- Olha, eu sei que você também gosta de bandas só por gostar, porque são divertidas e não tão boas assim.

Ele ficou olhando cansado e derrotado para ela. Queria levantar, ir embora e agradar sua namorada, afinal, ele gostava mesmo dela! Não ia admitir, mas ela era linda mesmo.

- Tá bom, eu admito. Lady Gaga é legal. Humpft.

Ela sorriu vitoriosa. E estava feliz por saber que ele faria aquilo por ela, cederia às vezes. Sabia que um pouco ele já estava cansado e que talvez ele tivesse cedido, mas ele era tão fofo, tão tão... apertável.

Ela o abraçou forte e se beijaram.












- Só não conta que eu falei isso pra ninguém, viu!

terça-feira, 9 de agosto de 2011

I wish you could see how beautiful I was today

Ela nunca tinha se achado bonita, era gordinha e desajeitada. Passava muito longe daquele padrão cinematográfico que tanto admirava. Às vezes ela sentia que continuava vendo filmes apenas para se martirizar ainda mais.

Mas então algo mudou naquele mês que passou, alguém olhou para ela. Era o rapaz que fazia os sucos na lanchonete que ela sempre ia. Será que estava delirando? Será que ele nunca olhou de verdade para ela e tudo era apenas uma grande bobagem? Sabe, coisa de receber bem na lanchonete, profissionalismo e cortesia.

Ela teve muito medo durante muito tempo de estar enganada e se iludindo, por isso nada falava. Mas ia todos os dias no mesmo lugar.

Mas aquele dia seria diferente. Ela faria tudo diferente.

Então, ao acordar, se encheu de força e confiança. Escolheu uma roupa que favorecia seu corpo, usou aquela maquiagem que sempre pensou em fazer quando decidisse ser sexy. Era isso, era aquele dia. Ela diria mais que "oi", o convidaria para sair, trocaria telefone.

Saiu sorrindo e caminhou firme até a lanchonete.

Quando lá chegou não o viu.

Sentou, esperou.

Ele não estava lá.

Uma garçonete parou em sua mesa:

- Como posso te ajudar?

- O João, não veio hoje?

- Ah não não, ele ficou doente. Mas amanhã acho que ele tá aqui. Uma gripe de nada, sabe como é?

Tudo foi por água abaixo.

Ela pediu seu suco de sempre e foi pra casa.

Então se perguntou se ela teria coragem um outro dia e quase se disse que não, para logo se dizer sim, depois não novamente e acabar decidindo que amanhã era outro dia.

Apenas teve ânimo para twittar uma coisa naquele dia: "I wish you could see how beautiful I was today".

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Antes das 9

Ela acordava sempre com vontade de matar alguém.
Antes de realmente acordar, coisa que se dava lá pelas 9 da manhã, ela sentia-se capaz de vencer onde Napoleão e Hitler tinham falhado; conquistar toda a europa.
Seu filho já sabia e pouco falava com sua mãe a caminho da escola. Ele tinha medo que ela lembrasse de alguma travessura e rezolvesse dar o castigo tardio. Saber calar é tão bom quanto saber falar.
Para resolver tudo, ela saía com o fone de ouvido e no mp3 apenas uma seleção especial de músicas. Uma vez, quando sem querer uma música apareceu sem que ela tivesse escolhido, vixi, o pequeno aparelho foi ao chão. Agora até o eletrônico sabe o que é melhor pra ele.
Então, magicamente às 9 horas surge a mais doce e gentil das atendentes, a maior vendedora da loja. E aos domingos tudo que o filho e o marido precisam fazer, é muito silêncio antes das 9.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Novidades para a Patre Primordium


Depois de um bom tempo parados, eu e o Fred estamos preparando muitas novidades. Tem exposição, site novo, quadrinhos online.
Entre essas novidades, temos uma história especial para um álbum (tudo meio vago e sigiloso rapaziada :P).  Mas para não deixar todo mundo sem saber de nada, vão aí alguns testes de personagens para essa história especial, espero que todos gostem.



terça-feira, 19 de julho de 2011

Uma boa história

A Humana Perfeita - Arte: Mario Cau

O que faz uma história em quadrinhos realmente boa?
Aliás, a pergunta deve ser outra, o que faz uma história ser realmente boa?
Quem já se propôs a ser um contador de histórias, seja de que área for, precisa se fazer essa pergunta. Eu tento sempre responder a isso desde que comecei a escrever. Penso nisso quando pego uma história que faz muito sucesso e todos consideram boa, best-sellers. Penso nisso quando leio algo que a academia chama de clássico.
Mas no final do dia o que eu considero uma boa história é aquela que me toca de alguma forma. Uma comédia que me faça rir, um drama que me faça chorar e assim por diante. Isso não torna a qualidade de história relativa, afinal eu posso reconhecer uma história bem contada mesmo que ela não mexa comigo. Existe técnica, existe um trabalho bem feito.
Porém, as histórias que nos tocam são aquelas que vamos lembrar por um bom tempo e nos influenciar. Pode até mesmo não ser aquela que todo mundo gosta, ou mesmo uma que você sabe que peca em algum aspecto, mas não importa, a história falou com você, te contou algo. E não é isso que todos queremos como artistas? E o sonho é fazer uma obra prima, que alie perfeitamente história, técnica, estética e relevância!
Agora sim, as histórias em quadrinhos. Que ao contrário de apenas um livro, ou apenas um quadro, uma HQ precisa de um equilíbrio especial entre o que está escrito e o que está desenhado. Não basta pensar no que dizer, mas muito do que mostrar, qual traço cabe melhor para aquela história em especial.
Essa história especial precisa manter o leitor com os olhos grudados na página e sempre com vontade de virar a próxima. Isso não é fácil e precisa de técnica, mas claro, precisa mais ainda de sentimento.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

“Eu te amo”

Ela estava olhando para aquele papel há duas aulas e estava pensando no que faria.
Não, ela não tinha recebido aquela declaração. Nem mesmo sabia se a entregaria, era arriscado demais. Os dois eram amigos. Certo, o professor estava saindo, era o início do intervalo, ele ainda não tinha levantado da carteira.
Ela fechou os olhos, respirou fundo, pegou o papel, o dobrou e levantou…
Apenas para ver “a outra” conversando com ele toda animada.
Ele também, como sempre.

- Queria falar comigo?
- Não, não… bobagem.

Naquele momento

Aquele não era o dia dela.

Tudo parecia fora de lugar, indo na direção errada. Sentia vontade de simplesmente sumir, desaparecer e nunca mais voltar. Filhos, contas, trabalho, marido… tudo resolveu tirar uma com a sua cara.

E naquele momento até o carrinho do supermercado tinha batido no seu pé, e não é por nada, mas estava doendo muito!

Mas uma música começou a tocar no alto-falante.

Não era uma música qualquer, era aquela música. Sabe aquela que ela tinha vergonha de dizer que gostava na adolescencência? Brega, mas que em segredo ela ouvia com o fone de ouvido. Que juraria que era da sua mãe se os amigos encontrassem, mas que guardava o cd.

Ela se pegou pensando em como os adolescentes são tolos, se escondendo de coisas bobas para auto afirmação, perdendo tempo com bobagens, exatamente… exatamente como ela estava fazendo há pouco tempo atrás.

Então olhou em volta, viu outras mulheres como ela de cabeça baixa, olhando a tabela nutricional dos alimentos que compraria e com olhares perdidos e resolveu dançar.

Agora sem se preocupar do que os outros iam falar, sem medo de ser expulsa nem do supermercado.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Cosplay


por Christian Gois e Ana Recalde

Cabelos vermelhos

Fazia pouco mais de um ano desde que ela tinha falado aquilo.
Aquela coisa que era justa na época, que ela achava correto, que ela sentia… mas que no final, não era aquilo que ele queria ouvir.
Pouco mais de um ano desde que ele decidiu se vingar dela de todas as maneiras mais sórdidas que conhecia. Desde mentir a trair, humilhar e destruir . Ela se olhava agora no espelho e não via nenhum fogo, daquele que ardia quando ela disse o que disse.
Ela queria algo maior, melhor para eles. Mas não tinha o direito de exigir e falar o que pensava. Que mulher tola! Pensar que poderia dizer o que sentia…
E lá estava ela, no mesmo lugar, ao lado dele, mas diferente. Agora ela não tinha mais paixão por ela mesma, não tinha mais vontade de exigir ou querer coisas, ou pior, achava que não tinha o direito.
Sonhava no dia que poderia ter esse direito novamente, de poder exigir as coisas que ela achava que eram corretas… mas até lá, queria apenas pintar seu cabelo de vermelho. Queria ver, nem que fosse no espelho, que algo ainda ardia dentro dela.
Mas… será que ele ia deixar?